sábado, 29 de março de 2008

Artigo 2 - O valor do afeto




O afeto estimula a aproximação das pessoas, oportuniza conhece-las, favorece revelar nossas intenções e promover a satisfação de alguém. Cuidar do afeto é considerar as implicações que podem gerar no ser humano, de ter ou não ter afeto .A sociedade desfila o resultado positivo e negativo disso.Nos lares, escolas,trabalho,no trânsito,no confronto desequilibrado, na ausência de defesa social.
Podemos influenciar o mundo.Podemos até encantar almas, adubar a sensibilidade dos menos sensíveis, aparentemente, possibilitando germinações, troca de afeto.Ter consciência das próprias necessidades de um ser , de cuidado, é antes de tudo,possibilitar uma transformação,seja vendo melhor o que está diante de nós, sendo deixando-se ver.Responsabilizarmos pelas nossas trocas afetivas é de enorme valor,já que, queiramos ou não, elas nos vinculam ao outro, seja em forma de carinho, amizade,respeito,gratidão,convivência desde criancinha.
Viver é ter oportunidade de ser cuidado,de cuidar, afeiçoar,de esperar confiantemente,experienciar,satisfazer-se, desdobrar-se em vida pelos cinco sentidos.
Abandonar o outro que lhe olha,na troca de relação social,é omitir-se, é ausentar o afeto. Sabemos teorizar o amor,mas nos atrapalhamos muito na vida, nesse terreno das emoções.Nossas palavras, sentimentos e ações são fortemente influenciados pelos nossos estados de espírito,pelo sossego interior que tivemos ou que foi escasso desde cedinho na vida.O ser humano que se habitua a desenvolver vibrações positivas às pessoas,gera uma presença agradável, que lhe abre muitas as portas à afetividade.Ela pode vir a ser uma viga para os demais valores se sustentarem.


Sente-se afeto por si mesmo,por quem correspondem a esse sentimento(o afeto das trocas) por pessoas ,por alguma comunidade. ..
Quem assume um estado de espírito afetivo, geralmente torna uma pessoa mais amável,afetiva, pacificadora ,com mais facilidade para desenvolver a humildade,a empatia, ao redor de si.Na verdade a afetividade relaxa,liberta,acolhe,aproxima o carinho.Não é compatível com o afeto, a competição,a dominação,a individualidade.Ela está muito próxima da palavra zelo,proteção,empatia,tolerância,satisfação.Poderá perguntar ,afeto é do campo da paixão ou do amor?
Então digo, já conceituaram a paixão dizendo que ela busca a satisfação biológica instintiva, enquanto o amor é a expressão relacional saudável de uma afinidade profunda entre dois ou mais seres humanos. Na verdade as manifestações de nossa afetividade estão presentes em tudo que fazemos.A vida afetiva é uma das emoções do ser humano. Durante toda nossa vida, os fatos distantes vividos por nós,serão experiências que passarão a fazer parte de nossa consciência. Os acontecimentos serão lembranças e sentimentos,do que foram trocas agradáveis, prazerosas ou não... se revelam em nós positivamente,nas nossas experiências de sucessos e equilíbrio. Ficando representado o afeto não satisfatório e o desconforto dessa vivência, em formas de ansiedade,pânico,depressão e nossos abismos relacionais.
Cuidar do afeto precocemente(desde nenem) é, penso eu, favorecer o equilíbrio próprio e de quem se cuida,por favorecer a produção de relações saudáveis que transmitem paz.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Orientação-Para comentar

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terça-feira, 18 de março de 2008

Vida Plural e a série Artigos Temáticos




Tenho recebido solicitações para continuar falando sobre minha terra natal mas não deixar de escrever sobre o relacionamento humano.


Sem me apoiar na formação, vou atendendo ao solicitado, simplesmente como pessoa.


Estou me propondo a falar de alguns temas, como se estivesse em roda de amigos.



O VALOR DO AFETO - em artigos


ARTIGO I


O caminho do afeto é cheio de passos. Uns individuais. Perceber o outro para respeitar e entender o modelo do seu mundo. Aprender a ser empático, sem isso, nossas interações ficam cheias de idealismos. Repletos de:




- "Você devia ser feito fulano"



- "Eu sou assim, por que você não pode ser?"





Ignorâncias as atitudes do outro, cobranças impagáveis, dificuldades de habitar os mesmos metros quadrados. Ser hábil com as palavras. Ter uma cabecinha fria na hora da insegurança, da crítica, da indiferença, da desconfiança.





Coisa para profissional, dirá você. Tarefa para quem não está envolvido, pois o mundo das emoções e paixões leva o ser humano à vida e a morte. Estou falando de afeto, e não, de simples envolvimento fugaz.





Precisamos lembrar: Nem tudo que se escuta é o que está de fato no coração. Nem sempre o que se diz, de fato é intenção.





As palavras - veículos abstratos - mas de efeitos tão concretos, muitas vezes, agem feito flechas que partem da lança e o arrependimento pode ser sem mais sentido, depois de lançada.





Não esqueça, as palavras são armas contundentes. Nos atingem à queima roupa. São dilacerantes conforme o desequilíbrio de quem diz e de quem ouve. Mas o silêncio também é rejeitador, é indiferente, desorienta, é isolador.





Ficar distante da interação social pode ser uma atitude positiva para reflexão de poucos dias, mas concordo, como disse o autor:





"Se não deres nada de ti mesmo aos outros, muito pouco de ti acabará por valer alguma coisa"







O que é o afeto?






É muito mais que isso, tem outras faces.


É canção de ninar


É brincar


Cuidar

Acreditar


Vibrar


Abraçar


Elogiar verdadeiramente


Zelar pelo o outro


Ser presente


Solidário


Acompanhar


Não depreciar...




Como favorecer ele perdurar?








Valorizar o tempo e as ações. Não ser estúpido para querer os frutos antes das estações, sem saber o que fazer com as sementes.

 Na maturidade, registrar os outonos, sem rejeitar “a árvore”. Entender o ciclo da vida e os valores em cada ciclo. Manter a individualidade numa visão pro harmonia. 
Ser discreto no que for inconciliável. Não banalizar o sensual, pra que ele seja excitável na hora exata. Entusiasme-se pelos cinco sentidos e como guia use o mapa da razão. 

Sem o uso de uma só palavra, retome a empatia. 
Isso, se não conseguir ser afeto e sentir afeto. Por um instante fique só e pense:

O que dei de mim mesmo, pra o afeto não ser presente?

segunda-feira, 17 de março de 2008

Agradecimentos aos Comentários

Os comentários são acréscimos valiosos ,para que revelada fique a imagem que temos de nossa Floresta e a influência que ela deixou em nossas vidas.
Fico gratíssima pela a atenção e a contribuição de quem toma conhecimentodosmeusescritos simpls e mesmo assim deixa seu registro.
Assim agradeço com carinho e registro no coração:
À Geanne Gominho Ferraz de Sá Leal ,Monique Ferraz de Sá Beltrão,Dadinha Ferraz Novaes, Madalena Cornélio,Jailson Bedor Jardim,Vera Lúcia Paranhos,SUPREME ,Gerliane G.Ferraz,Lucas Brandão,Germano G.Ferraz ,Candice Ferraz Jucá,Paulo Branccini,pelo registro,carinho e acréscimos deixados.E ainda aqueles que se expressaram por email transmitindo satisfação,identificações e amizade.

sexta-feira, 14 de março de 2008

SERTÃO SABORES E SENTIMENTOS - Texto da contra capa.

É um relato breve sobre o desenvolvimento da autora na zona rural, na infância, a beira do Riacho do Navio. Seus momentos em Floresta-PE e sua vida adulta na capital Pernambucana. Expõe-se por meio da poesia o que registra sua memória e instantes emocionais. Assim terá oportunidade de ler como ela pinta sua infância,que importância teve a rua onde morou, sua vida de estudante, suas amizades. Demonstra seus sentimentos por meio de homenagens a familiares, fala das diversas fazendas, assim como, comenta o cotidiano urbano. Relembra-nos a copa de 1970, o Brasil daquela época. O comércio da terra dos tamarindos de trinta anos passados, fotografa poeticamentea Floresta de outrora e a atual. Se transpõe para o mundo dos vaqueiros e registra até uma aboiação. Por fim, diz que é florestana, do Alto Monte e que se não é feliz por completo, é porque não pediu ainda ao Bom Jesus da “ Fuloresta.”

sábado, 8 de março de 2008

Breve comentário sobre Bonito pra Chover

Em 2007 tivemos a felicidade de sabermos das comemorações a Floresta no seu Centenário.


Nossos escritores têm falado de nossa terra durante esses anos, revelando sua história seu povo e suas lutas: Dr. Álvaro Ferraz, Coronel Carlos Ferraz, Leonardo Gominho. Mas em homenagem ao centenário, surge o livro BONITO PRA CHOVER que dá um banho de poesias ao falar do nosso lugar.
Aqui deixo o comentário que fiz aos autores:
Guto Ferraz e Diogo Leal

Breve comentário sobre Bonito pra Chover

Extraordinário domingo, esse de hoje (12 de agosto 2007), quando tomo pra perto de mim essa obra elegante de Guto Ferraz e Diogo Leal. Percebo não ser possível apenas ter afeto por ela, mas é preciso descê-la da cabeça ao pé, tocando-a numa emoção recíproca de quem se encontra de fato em afinidade, sendo impossível partir sem a sensação final de ter tido pleno prazer. De fato, “um céu que pode estar aqui ou ali...”.
No vôo alto de andorinhas...,
Solene como pôr- do- sol visto da Ermida....
Naveguei no “Navio de pedra” e assim fiquei aninhada em luas de alfenins. Uma doçura, como aquela que passeava devagar pelas calçadas, no tabuleiro de Pitu.
E como a própria poeira, senti a esvair na distância, o sentimento... Ao tomar o sobrado de Bilia que lia do olhar caixeiro-viajante... as igrejas se entreolhando separadas por três praças com pilares de um coreto...
Bem diante se cumpri mês de maio de joelhos até vir novo dezembro no sussurro de três pífanos...
Senti na procissão a louvar, a barra escurecida, chuva que talvez pudesse vir dali a instantes. “Nada pode ser mais bonito como chuva no sertão.” E nesse BONITO PRA CHOVER, os sentidos todos se encontraram.
Diante desse CLOSE, na face dos casarios (tão bem colhido por Diogo) só faltou mesmo, um cheiro real (sache) de tamarindos nas páginas.
Obrigada, autores Florestanos, dos anos 40 e 80. Quem dera os netos que ainda não tenho conheçam essa obra e possam saber que daí, parti feliz. Banhada no Riacho do Navio, aquecida pelo sol do meu sertão, ouvindo o bem-te-vi do Alto Monte, acolhida pela Terra dos Tamarindos, abençoada pelo Bom Jesus dos Aflitos.
Parti em 70, para capital pernambucana que não me preenche a Floresta, que guardo no peito e na retina .
Parabéeeeeens Guto e Diogo.
Muito bem.

Lourdinha Ferraz


Contato: lourdinhaferraz@yahoo.com.br

Gratidão

Gratidão


“Se eu morrer antes de vocês, me façam um favor: Se alguém contar algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se alguém me elogiar demais, corrijam o exagero. Se me criticar demais, me defendam. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente...”.

Os imprevistos, os acidentes, ocorrem em nossas vidas.
As fatalidades, às vezes, por pouco se encontram com a gente.
Em momentos desses, tive a atenção  imediata, o apoio, a ajuda  plena e o carinho dos irmãos e  cunhados, primos, amigos e ex-colegas de trabalho e vizinhos.

Aqui, deixo minha gratidão especial a familia de Tio Né Ernesto e Madrinha Mariinha e aos ex-colegas da Escola COSTA E SILVA, que trouxeram pra perto de mim e dos meus filhos, uma sensação de  poder recomeçar em hora que parecia confusa a retomada.
Ano de 1994.

Conversando com meus botões



Conversando com meus botões.

Nasci na ribeira do Riacho do Navio

Cresci olhando pro Rio Pajeú
Comunguei ao pé de Nossa Senhora de Lourdes de Airi.
Se alguma coisa na vida
Ainda não consegui
Foi porque não pedi ao Bom Jesus da Fuloresta
Como pronunciava Luiz Gonzaga

Porque sou do Alto Monte
Filha de um “ERNESTO”
E de uma amável moça de olhos azuis, da Boa Ilha.
Brinquei de “pula corda”,
De “Ordem seu lugar”..
Comi bolinho de mão
Gostosos mungunzás.
Valorizava o colégio,
Tive uma amiga, Cacá.

Vi filme nas matinês
Tive uma praça pra passear
Circo pra gargalhar

Apreciei o humor da
da amiguinha Catarina
por onde foossemos a passear

Uma amiga tive na vida
 nunca vi alguém
 com tanta franqueza
To falando da colega Nilda ,
Uma amiga com certeza.

Tive pais, tive mães.
Não estranhe meu plural,
Meus irmãos tão protetores,
Minhas irmãs companheiras
Não faltou a informação
Um livrinho ganhei pra ler:
“ESTÁ FICANDO MOÇA”
Antes que eu viesse a ser.
Assim era Nina
Discreta nas ações
Mas preocupada
Com meu desenvolver.
Ganhei dela o primeiro soutien
Fiz uma verdadeira embromação
Acanhada de usar
Esperando uma ocasião

Época boa era aquela
Que isso
Era uma emoção.
Tive Dadinha como irmã
Gostava de perceber
Seu gosto por Roberto Carlos,
Pelos Beatles,
De Mastroianni a Cardinali,
Era fã pra valer,
Bonitos eram seus álbuns
Gostava de vê colar
Eu julgava que suas risadas
Era porque a vida valia a pena
Isso pra uma criança ajuda
Estimula a SONHAR
Desde pequena.

Em 70 parei na capital
Senti uma solidão tão grande
Parecia me fazer mal.
Sonhei estudar Psicologia

Sou Psicóloga no dia atual.
Conheci o amor
O valor de ser querida
Curti os raios do sol do litoral.
Escrevo,
Faço poesias
Admiro a lua, as estrelas, uma brisa,
O inverno então!
Um olhar sensual, que me faça imaginar...
Admiro Fernando Pessoa,
Drummond, não tem igual.
Queria só agora o mugido da vaquinha
Tomar o leite verdadeiro do curral
Coentro recém tirado de um canteiro
O peito do homem que me dê sorrisos verdadeiros
Pois os filhos
Tenho dois comigo de cabeça legal
Pouco, pouquinho falta...
Se não sou feliz
Pouco falta, nem precisa fazer promessa.
É porque não pedi direito ainda
Ao meu Bom Jesus da Fuloresta.

Floresta dos tamarindos


Floresta dos tamarindos

Floresta madura, centenária.
Mas gerando novos filhos.
Sertaneja (do Itaparica)
Mas sedenta de hidratação.
Nordestina
Semi – árida, mas úmida
No coração.
As margens do Pajeú,
Aguardando água em borbotão
Desaguando no São Francisco
Pra ganhar vazão.
439 km distanciam de seus filhos
Que a tem no coração,
Mesmo na capital
Sem esquecer o torrão.
Próxima está no pensamento
No coração sabem guardar,
Lembranças de seu casario
Dos tamarindos do lugar
Das praças,
Do burburinho,
Da feira a cheirar,
Frutos da melhor qualidade
Da Serra da Arapuá

Fazenda Curralinho
Paus Pretos
Terras que iam iniciar
O sonho
De vir a ser
O povoado
Gerador do nosso lugar.
Fazenda Grande torna real
O capitão Pereira Maciel fez criar
De um oratório uma capela
Pra nosso povo rezar.
Veio a ser do Bom Jesus
Hoje a Igreja do Rosário a nos olhar.

Floresta vira vila
Desligando-se de Flores
Pra assim desabrochar.
Vincula-se a Tacarutu
Com vontade de brigar
Na revolução praieira
A bravura veio mostrar.
Floresta autônoma em 1864 a registrar
Pra dá mais sombras e arborizar
Surge João Gomes Barboza
E Alfredo Barros
Homens bons a planejar
Favorecendo a esperança
Do verde perdurar.

Em 20 de junho de 1907
Floresta tinha o que comemorar
Vira cidade nesse país varonil.
Pela cristandade de seu povo
Teve a primeira diocese do sertão

Sendo seu primeiro bispo
Dom Augusto
Depois cardeal primaz do Brasil.

Floresta dos coronéis
Dos casarios, de estilo sarraceno.
Da capela Ermidinha,
Miudinha,
Solitária, mas altiva, a nos olhar.
Floresta
Da Igreja do Rosário,
A mais antiga a nos abençoar.

Do prédio da força (o conhecido Batalhão)
Visava antes ser um seminário
Se não tivéssemos perdido o bispado

A PM transformou-o no 3º Batalhão,
Visava o combate ao cangaço
Em 1928 no sertão.

Em 1950 vira o pensionato
D.Lindaura a comandar
Estudantes de toda parte
Que fosse à cidade estudar.
Lá havia corte e costura e datilografia
Pra quem buscasse o saber ampliar.

Do Grupo Júlio de Melo
De traço neoclássico
Elegante
O primeiro com fim de ensinar.
Floresta da moderna catedral
Do Bom Jesus dos Aflitos,
Padroeiro do lugar

Que parece não podermos comparar
Aos altares, mirados com fervor.
Da Matriz de janelas coloridas que nos viu orar.
Mesmo com seu carrilhão eletrônico
Que nos pede oração pela paz, clementemente.
Parece que não há como comparar
Vê-la de longe
Na hora
De retornar.

Floresta, do Grêmio 3 de Julho.
Das valsas, das quadrilhas, dos vôleis.
Floresta dos tabuleiros de cocadas
De Pitu a desfilar
Com seus doces na cabeça
Um verdadeiro cocar.

Floresta dos Sete de Setembro.
Dos desfiles estudantis


Dos dobrados a nos arrepiar
Nas manhãs no sertão
Aumentando o sentimento pela pátria
Pra cada vez mais, a valorizar.

Do parque de diversão
Da roda gigante a nos encantar
Dos circos armados
Das gargalhadas da platéia
Sobre o chão seco tão familiar.

Da Difusora
Do Colégio Dep. Afonso Ferraz..
Floresta do coreto
Da política vibrante
De comícios inflamados
Do Colégio Pe. Cláudio Novaes.

Floresta
Das novenas do mês de maio
Da noite dos motoristas
Dos fogos dos noiteiros
Das procissões
Do cinema de Evan,
Nosso lazer.

Floresta do Colégio Industrial.
Do Clube BNB.
Floresta de povo atento
Não fale mal de Floresta
Que um venha saber.

Floresta em dezembro
Dos pífanos e zabumba
O nosso “esquenta muié”
Das barraquinhas
E leilões.

Floresta da agro-pecuária
Da cebola, tomate, melancia e melão.
Onde os caprinos têm suas raças
Em destaque na exposição.

Floresta atual
Floresta crescida
Explicita de habitação.
Floresta de novos colégios
Floresta de Faculdade
Do ISEF, do “Pequeno Aprendiz”.
Do “Universo Infantil” do “Diocesano”.
Floresta do comércio de décadas
Do papel de embrulho e sabão a meia barra
Floresta hoje CENTENÁRIA
Em 20 de Junho 2007
Sem nenhum engano.

Floresta
De tantas placas...
Nova identidade visual
Da Profana, Pura magia, da Skina Pirâmide.
Dos Postos Compare, Trevo, Seis irmãos.
Da Poty Construções, do PREÇO JUSTO,

Do Fino Trato, da Artmanha, da G MODAS,
Do Relicário, da Trupe, da Farmácia São Jorge,
Da Tradição móveis, do Som Mix,
Da Perfil Confecções, do Máximus
Da Esperança Calçados, do Ponto Chick,
Do Mercadinho Araújo Góes, do Santa Rosa,
Da EDUARDO Lanchonete, do Betinho Bar.
Da COMPARE LOGÍSTICA
Imponente,
Nada igual.

Floresta de indústrias e marcas
Da Parathy, do café Tamarindo,
Comércio computadorizado
Alimentos industrializados
Reflexos da capital.

Floresta de tantos filhos,
Comerciantes,
Arquitetos, médicos, engenheiros,
Agrônomos, veterinários, professores,
Psicólogas, fisioterapeutas,
Advogados, contadores...
Floresta dos escritores e
Poetas,
De músicos e cantores;
Floresta amada
Receba nossos louvores.

Aboiação sertaneja, Aquecimento de vaqueiros

Aboiação Sertaneja

O vaqueiro nordestino
Mesmo antes de acordar
Têm sela,gibão, esporas.
Esperando pra botar

Ter bornal com rapadura
Farinha no saco pra levar
ôÔÔ êee

Na caatinga ele acerta
Onde o gado vai estar
O sol ainda vem ai
O gado por acordar
O chocalho diz o bicho
Que ele vai levar

O cavalo espera quieto
A ordem de rebanhar
A espora é o presente
Do verbo vaquejar

Esbarra o cavalo em cima
Antes do bicho se espalhar.

A caatinga tem ponta fina
O vaqueiro corre perigo
De cair de um serrote
De uma furada no umbigo
Tem valor o guarda peito
De couro bem curtido.
ÔÕÔ
Todo vaqueiro nordestino
Antes de uma vaquejada
Pede proteção ao santo
Pra santinha
lhe benzer
Pra enfrentar touro brabo
E no mato não morrer.

A mulher do vaqueiro
Quando ele vai vaquejar
Bota todo mantimento
Que ele possa precisar
Pede ao Padin Ciço
Pra não deixar enviuvar.

Os filhos de um vaqueiro
Quando começa a andar
Segura na perneira
Tenta ela experimentar
Pede ao pai uma garupa
Pra poder se acostumar.

O vaqueiro quando chega
No curral do seu lugar
Abóia longo o seu canto
Pra o bicho se acalmar
Guiando com o cavalo
A porteira encontrar.
ÔÔÕ


Homenagem aos vaqueiros pegadores de boi e bode das veredas e caatingas da Serrinha, Serra dos Periquitos, Oidagüinha, Serra dos Pereiros, Serra Negra e outros matos.



Aquecimento de vaqueiros


Cavalo bom é o ligeiro
Que pula qualquer balseiro
Estala pau no lombo
Desvia vaqueiro do tombo
Pula qualquer cipó.

Vaqueiro bom é o valente
Que bota careta e cambão
Em boi brabo que arremete
Cisca terra no chão.

Confia no seu cavalo
Na perneira no gibão
Quando o bicho se acua
Um grito logo ressoa
“iaá iaá iaa êêê”

Se o bicho desafia
Na hora de chegar
Bota carreira e se espalha
Pressente sua prisão
Vaqueiro bom é o que grita
Cheio de afobação
“Ta cega murrinha”
Não ta vendo a porteira não?
Que trabalho dá ao vaqueiro
Um bicho teimão.

Escondida a mulher reza
Pede ao santo proteção
Pra acalmar os bichos
Dá por ganho a vaquejada
Felicidade de vaqueiro
Depois de uma vaquejada
É ver os bichos presos
E a porteira bem fechada.


*******


Aos vaqueiros das caatingas que na infância vi vaquejar. Entre esses meu pai: Pedro Ernesto, Álvaro Ernesto, Raimundo e Luiz de Mãe Lindaura, Bé e Tatá.

Lamento urbano, Penso que diria, Monique, Jaci







Nos últimos tempos reforçou em mim,
o incômodo que a metrópole provoca a quem vem de uma vivência da zona rural
e não esquece das características dessa experiencia .

LAMENTO URBANO

Troco o cartão de crédito e sacolas
Pela lata com frutos do mato.
Troco o Hiper pelos umbuzeiros
Que é quase mãe,
Quase santo,
Quase casa.
Prefiro léguas e pedregulhos
Ao trânsito engarrafado
Prefiro ”lençol de paraíba” no inverno
Ao frio edrendonzado de ar-condicionado.
Prefiro suar o sol de rachar
Que o asfalto frio de esgoto contaminado.
Prefiro vôos de fogo-pagô, rolinhas e canários
Ao check-in e aviões parados.
Troco o mar azul de tubarões
Pela minha Serrinha impar no descampado.

Aceito juremas de ponta afiada
Mas não a tropa de ”cheira-cola” abandonada.
Troco o ritualesco “mais alguma coisa senhora”
Pelo entusiasmo do feirante: “queijo de primeira”,
Chegado agorinha. Vamos levar cumade?

Prefiro grilos e sapos a pular
Aos pombos urbanos desgovernados.
Troco pão caixa e salame por quebra bucho de beirada.
Prefiro banho de poço e sabonete nas pedras
A esse racionamento agendado.
Prefiro riscar com a unha a letra
Do paquera na melancia na roça
Ao namoro virtual, distanciado.
Prefiro bico de candeeiro
Aos postes de luz mercúrios enfileirados.
Prefiro rezar contra bicho peçonhento
A ter medo de bandidos em sinal.
Troco minha identidade sentimental recifense
Por uma saudade quilométrica
altomontense / florestana
que nada pode ser igual.










ELE ERA ASSIM

Eiii minha gente
Sei que surpreendi
Com o roteiro da minha viagem
Mas devo ter ficado em sacos de pipocas
Na música ao ouvir tocar
No carnaval que não vou pular
No abraço que lhe faltar
Nas pessoas que passam e eu sem passar
Na explicação de História que não serei eu a dar
No meu elogio que ao ouvir fazia você se animar
Na chegada que esperará e nada...
Talvez falte mais uma pessoa nos retratos da família
Na pose a ser tirada

Quem dera rir docemente
Novos momentos...
Vibrar com seus sonhos ...
E nao ver hoje você chorar.

Homenagem a George Gominho Ferraz de Sá (09/01/08 - 1 ano da sua partida).








À minha filha MONIQUE



M enina alegre, estudiosa e afetiva
O rdena o tempo para realizar seus sonhos...
N ão importa as “tempestades” que sofreu
I ncapaz é de se render ao desânimo
Q uerida pela família inteira
U nida ao seu irmão
E xpressão solidária, como é, a presença de Deus entre os cristãos

F iel as suas amizades, tem uma porção
E screve o presente para pensar em seus passos...
R ecolhe as sementes de cada abraço
R ega com dedicação
A nálgésico humano, pílula de afeto e emoção
Z elo pela paz, elo de união.

D inâmica
E xtrovertida

S onha melhores dias alcançar
A liada à ciência tudo de si, dá.

B rasil é sua pátria, mas noutra sonha estudar
E lege a leitura, a música, um rapaz inteligente para gostar
L eve, real, ariana, independente
T erá o mundo uma “estrela” para o iluminar
R eserve o futuro, alegrias, pois bem merece
A mor em reserva a acalentar
O bom Deus possa sua saúde eternamente abençoar


Mensagem à minha Filha: Monique Ferraz de Sá Beltrão quando do Encontro de Jovens com Cristo - Junho 2006



Jaci Ferraz de SáHomenagem aos seus 70 anos. (27/02/2008)



Hoje queria entregar-lhe o troféu (o ”OSCAR”)
Dos que sabem amar as Mães.
Foram diversas as demonstrações de seu valorizar.
É hora de como membro de nossa família, render nossa gratidão.

Empático, extremamente carinhoso, gostava de realizar sonhos, vê um rostinho sorrir.
Fiquei muito feliz com meus brochinhos de abelhas que bem criança ganhei de você e que me enfeitava ao me vestir;
O gravador que você me deu pra as músicas do REI eu gravar e ouvir, gravar poesias para ficar ouvindo depois.

Você na sua bondade
Tirava da Caixinha dos Desejos de cada uma de nós, justamente.
Os papeizinhos dos nossos pedidos principais (que a gente nem revelava, mas você imaginava).
Foi assim que levou
Minha mãe a Basílica de Aparecida
Dando-lhe a alegria que parecia não haver outra igual.
Fez-se um homem bom
Saindo dos seus currais, “de ossos, pedras e chifres” sua boiada na imaginação.

Liderava qualquer assistência
Nunca se ouviu dizer que não podia
Como esquecer sua bravura de transportar até uma pessoa em fúria nervosa,
quem iria?

Bom jogador de damas
Em raras horas de lazer
Mas ficava sem sono se alguém fizesse você perder.

Você foi pra nós o pára-quedas
Aberto na hora do perigo,
Um porto, um abrigo quentinho na tempestade.
Tarzan, He Man, o Corpo de Bombeiros, um amigo,
Um verdadeiro irmão.
Impossível retribuir sua proteção sem medida.
Resta-me dizer eternamente
Como lhe sou AGRADECIDA.

Horas ternas,análise, projeto de vida, revitalidade

Passado dez anos da época que eu expressava meus sentimentos em poesia, volto a escrever.
Percebo que estava marcada duas épocas de vendavais nos sentimentos: Adolescência e a separação matrimonial.

Assim segue alguns registros produzidos nessa última época.


Horas ternas

Carinhosamente guardo um pouco de ti
E na boca
O gosto teu.
A pele envolvida em vestes
Entrega o caminho
Adolescentemente tardio.
Na surpresa de te percorrer penso ir a todas as extremidades.
Sinalizo meu peito
Mas o coração deseja
E o meu corpo buscará melhor o teu
Se as horas raras forem ternas.
Serei só natureza
Tal qual a areia
Afagarei teu mar
Só porque és homem
Só porque sou mulher
Num pedaço verde da terra.


Análise

Vou entristecer
Quando as horas passarem sem mais esperanças...
Aceito a emoção
Como o ar frio
Que me transmite aconchego.
Gosto
Não esperei
Não planejei
Não vi começar.
Está no peito vou esperar...
O tempo
A soma
As perdas
Para descobrir quem somos.


Projeto de vida

Viver a vida é optar
Em guardar a semente
Ou arriscar.
É sonhar...
Construir o dia
Entre máquinas e correria.
Ser humano,
Zelar pela a harmonia.
Ser sem máscaras na íntima ocasião.
É ter
Com ternura, emoção.
É fazer dos seus,
Dos meus sonhos falidos,
Um projeto de recuperação.


Revitalidade

Foi bom ter chegado
Pra que agora
As mágoas não pesem
E meu coração bata
Como quem está sadio de amor.
Foi bom
Pra que volte aos olhos
Ao ver-me amando
A garantia dos dois a felicidade.
Foi bom ter chegado
Pra que no fechar do tempo
O sol seja recebido com a certeza do seu vir.
Pra que eu o espere
Como quem deseja e quer
Pra que eu possa ser sua
Quando seu jogo buscar a peça
Que garante o afago do encaixe
Do complemento.
Foi bom ter chegado pra que a saudade traga acenos do seu corpo
E o vento entregue o meu amor
Em seu destinatário.


Brotos de amor

Meu caule brota
Quando amo.
Rejuvenesço.
Admiravelmente brilho
Tal qual a estrela da manhã.
Ao suor do sol
A luta não é mais de mero pão
Há sombra
Que massageia meu acelerado coração.
Porque amo
Colo meu corpo milimetricamente ao teu
E a intimidade
Aquece como vinho
Faz-me sonhar e festejar.
E tontamente
Esquecer que a dor virá
Quando o amor
Não mais servir a ti
Incompreensivelmente, como nuvem.
Que nega a água a planta
Eu correrei perigo.

Oportunidade de sonhar,Pra não nos maltratar,Zezé

Oportunidade de sonhar







Se o riacho da minha vida
Fosse de letras do alfabeto
O “O” foi colhido por ele
Para que sonhos eu pudesse sonhar
Ele devolveu-me em:
O portunidade para estudar...
O bservação ao meu conversar
O rientação pra eu não transgredir
O lhos para minhas dores acalmar
O primeiro relógio veio me entregar
O show de Roberto me viu vibrar.

E a adolescência como túnel desconhecido a me atordoar.
A solidão como ventania a me fragilizar
A fragrância do mundo a me encantar
Meu texto de Brecht levou ao lixo pra eu não olhar
Cuidava da minha vida
Pra nada me atrapalhar
Em 70 havia perigos
De estudante ir... E não mais voltar.

Em frias madrugadas
Remédio veio me dar.
Dores tão longas, agudas.
Perguntei a Deus porque não me levar...
Nunca reclamou do incômodo que minha doença lhe causou
E sabia que ia causar.

Com ele aprendi ler o “Diário”
Ouvir o bom Trio Nordestino
No cinema vê John Wayne e Gregori Peck
Vê “Irmãos Coragem” e “Viagem ao fundo do mar”
Ir comer agulha frita
Em Olinda olhando pro mar.

Era bamba em matemática
Dizia que eu não tinha base
Sabia que era difícil
No vestibular eu levar vantagem.

Já longe dele
Vieram as gravidades
Sua saúde complicada, minha casa indo aos ares.
Nunca nos deixou só, tinha preocupação com os meus.
No telefone fazia articulações
Perguntava se esqueceu...

Inventava morte de gente que já tinha partido
Só pra testar a lembrança
E o que dizia os amigos.
E no ciclo das nossas estações
Vieram os “outonos intermináveis”...
Escassos afetos, cápsulas, drágeas, limitações.
Tal qual folha vi
O tempo passado o tempo que vivi.
O túnel desconhecido a lhe atordoar.
A solidão como ventania a lhe fragilizar
Aquele a quem me deu Oportunidade de SONHAR.

E agora só lá em cima
Irei lhe encontrar,
Cantarei músicas de Gonzaga pra lhe alegrar
Falarei de Irmãos Coragem, Viagem ao fundo do mar.
Cantaremos
Do Trio Nordestino: Forró Pesado.
Lembrando das dores que senti nas madrugadas
Eternamente direi: MUITO OBRIGADA.

Ao querido e inesquecível cunhado: Jovino Marques Filho.








Pra não nos maltratar





Como o azul e o verde
Ora era céu
Ora mar
Como palavras em cartão de amor
Enfeitava,
Tinha alegria a dar.
Como manhãs de sol
Bolinha de sabão
Onda que diz olá.

Pic-nic em dia de brisa
Pés no verde sem formiga
Sombra, água pra esfriar.
Noite estrelada
Braços que nos abraçavam
Sem nunca nos afastar.
Dores tão bem escondidas
Pra não nos maltratar.
Risos e sons tão companheiros
Madona, Versilo e forró.
Pés na areia e despedida

Registrava a geografia
Teu nome ao longe
Significando DOR.
Emoção escondendo a lua
No adeus que nos deixou só.


Ao meu querido e inesquecível sobrinho:
George Gominho Ferraz de Sá.


José Ferraz de Sá (Zezé)
Por ocasião de homenagem aos seus 70 anos.
02/07/2006





Ares de John Kennedy.
Parece que estou ouvindo
Uma voz vindo do banheiro
Cantando tão bem: “Maria Betânia tu és para mim...”.
No ar um cheiro de sabonete PHEBO.
O traje com forte preferência pelas camisas brancas.
Nós, as três irmãs, ali sob sua proteção.

Enfrentou o perigo, a pena e as conseqüências.
Mais tarde deu-lhe a vida uma taça de fel.
Fez ser guerreiro (sem escudo),
Enfrentar a perda sem lança (sem defesa).

De peito enlutado,
Teve que falar de futuro,
Acalentar quem crescia ainda.
Proteger, cuidar, ser presença.
Teve que ser dois, quando ser um, já é muito difícil.
Renovado o pensamento,
Tirou de uma caixinha (que Deus dá aos aflitos)
Todas suas forças,
Comungou sonhos... Para caminhar guiando os filhos com sua valiosa palavra, equilíbrio e paz.
Missão cumprida, meu irmão.
Aí estão reconhecendo o seu valor, o seu cuidado e retribuindo carinho.

Junto a eles, o nosso respeito e gratidão.

A minha mãe, Vovó Lia, Joaquim Novaes

À minha mãe: Maria Ferraz de Sá



M oça de olhos azuis
A njo de proteção
R isos na acolhida
I ndigência tratava com compaixão
A ntes que ouvisse “socorro”, ia a quem precisava de “uma mão”.

F eliz quem lhe conhecia
E nsinava sempre o valor da união
R iqueza não trazia alegria
R ecomendava ter bom coração
A licerce de fé em “tempos de ventania”
Z elava “as sementes” para que o fruto viesse na mais “difícil estação”

D istante dos entes queridos
E ncaminhava “os sinais” de seu coração

S inônimo de lealdade e aconchego
A nte uma desavença, sempre recomendava o perdão.



Vovó LIA



Com seus netinhos, Monique e Roberto, filhos da autora.

V oava até nós, como o pássaro que ao ninho vem proteger


O rava cedinho e o terço ao anoitecer


I amos juntos à escola, a sua mão à nossa infância a proteger


N o quarto passava o pó ”Promesa”


H idratante para rejuvenescer


A lfazema ou lavanda eram cheirinhos no ar de você


Q uem dera, voinha agora!
Unida a nós, feliz seriamos
E mbora bem velhinha, por certo.
R ica a presença seria
I a nos alisar os cabelos
D izer palavras de recomendação
A tenção, respeito e carinho,”meus filhos”, é a base para a UNIÃO



Joaquim de Carvalho Novaes



Que nome poderia ter para quem sabendo que estamos com pontadas na alma, com o assoalho do peito todo trincado, com o telhado da cabeça fazendo goteira arrumava um jeito de deixar o chão bom de andar, o teto firme sem ameaçar, de frio não tendo como morrer?

Que nome poderia ter, quem alerta para as conseqüências, quem põe o espelho da franqueza diante de nossa cara, quem apesar disso falava por VOCÊ, ia resolver qualquer parada se precisasse?
Que nome poderia ter quem ultrapassava quilômetros para melhorar uma situação pra você?

Que nome poderia ter quem por certo protegeria meus filhos se antes eu tivesse que ir...? Na nossa juventude dava sua impressão se usássemos um baton vermelho demais, uma roupa com alguma provocação, podia aguardar... Ia ouvir um carão;

Se nos enfeitássemos com muita sombra, brincos, pulseiras e coisa e tal, ele achava um exagero e ia dizer: - Estão enfeitadas que só “cruz em beira de estrada”.
Se tivéssemos todos conversando ao mesmo tempo dificultando a compreensão ele compararia pra todos ouvir: eita “mistura de porco com gato”!

Era intolerante a vida mansa e a vulgaridade, mulher dividindo baforadas de um cigarro... Ele rasgava o verbo. Mas era essa mesma pessoa que apareceu quando o Brasil em crise econômica levava as empresas a demitirem (eu casada recente tive que passar por essa com meu marido - que era de empresa privada) nessas horas as pessoas somem... Ele foi um dos que ofereceu deixar a renda de uma casa de aluguel (em Ouro Preto) à nossa disposição.

Em momento de fragilidade emocional, já separada e com minha filha doente, ele chegou e não hesitou em levá-la à Clínica Santa Helena (onde ele confiava na administração dos doutores VIEIRA) resolvendo tudo por mim.

Até os últimos tempos era nosso “ALÔ Doutor” não podia ouvir falar de uma dor em ninguém que recorria a Dra. Cleone, de quem se orgulhava da sua competência e se tranqüilizava como sob um bálsamo com suas orientações.

Era ele também que tinha uma conversa animada e de boné fechava um olho e olhava com o outro, o mar, para imaginar a jangada (transporte familiar) cheia de rede e molinetes levar sonhos de pescar.

Se a TV falasse de cinema, ele ia revigorar se Mazzaropi numa reprise viesse ao ar. Se num café à tarde falássemos do Nordeste, explodiria muitas emoções ao falar de Luiz Gonzaga, Patativa, Jessier Quirino para arrematar.

Será que um nome só daria para dizer o que ele foi pra nós tudin¨? Talvez seja: ouro, força, exemplo, amigo...

Pra mim foi sempre um PRESENTE enrolado com todos esses papéis, com selo de garantia de qualidade - que fica de herança para a nova geração.

Quando a gente se encontrar... Sei que você vai me receber dizendo assim: “diiga muié véia”!!!


Ao querido e inesquecível cunhado: Joaquim Novaes.

Retrato musical,Asas cor de rosa,Meu pai,Doce lembrar

Retrato Musical

Salão bem encerado
Mesas nomeadas
Perfumes Lancaster, Hombre no ar.
Moças alegres a esperar
Cavalheiro dizer: “vamos dançar”?
Iguais passos ninguém tinha
Aos de João Boiadeiro a deslizar
A dizer: “vamos meu filho...”.
Como forma de estimular,

De forma elegante
Dr.Gentil e Arminda se deixam olhar.
E numa festa de São João
Mário Gominho não podia faltar
Uma quadrilha animada
Corretamente marcada
Só ele para orientar.
Se fosse carnaval
Jarbas dava show a pular
Ninguém fazia igual a ele
Variedades de passos a mostrar.

Só Rosinha Jardim com sua alegria
Podia empatar.
Se fosse baile de formatura
A OARA não podia faltar
Valdemar e Esterzinha a rodopiar
Com braço bem estendido a dizer:
“Vamos primo, vamos dançar”
Zé Vicente e Amerininha
Igual alegria a contagiar
Trocava os pares com
Alexandre e Edileuza
No salão do Grêmio a dançar

Professoras orgulhosas
Em seus vestidos de gala a valsar
Laquê no cabelo rinsado.
Retrato muito bem tirado
Formando chic de paletó
Sertanejo com gravata apertando
Orgulho no rosto mostrando
De família a comemorar.
Pra melhor ficar
O tira gosto não podia faltar

Galinha bem assada
Animava a noite
Pra nem tão cedo parar.
Passava no salão
Durval, Zé Galego, Afonsinho,
Vilasinho, Luciano, Helvesinho
Cláudio, Ferrazinho.
Com seus pares a dançar.

De tão cheio o salão
Qualquer um podia esbarrar,
Sérgio, Eliseu. Adjar, Valtinho
Zé Nozinho, Fernando(s)
Chico(s) Tadeu(s)
Aloísio, Beto, faziam a noite brilhar.
Vindo até nós, sem nos deixar parar.
Mistura de Fleur de Rocalle, Extra Fine,
Saigon, Vertige, Toque de Amor, Topaze.
Cerveja, Whisky, Rum Bacardi.
Música romântica, jovem guarda jazz ou forró.
Deixávamos mais juntos
Arriscando alguém censurar


Tão próximo assim outra hora
Não podíamos ficar.
Sanfona de Agostinho
Seu canto a nordestinar
Fim de festa e Benicinho
Com as Pastorinhas
A nos agradar.
Os Anônimos e Acioly
Acordes e voz
Falando de amor
Sentimentos tão bonitos
Que o Grêmio 3 Julho
Na nossa vida marcou.


Como muita gente, também tive perdas marcantes.





Asas cor de rosa


Alta
rubra
alegre
Da paz.
Vitalidade,
Delicadeza demais.
Amor pulsante
Carinho renovado
Sorria ao amor
E dizia: ”meu Álvaro”.

A ele fazia pedido
Com a meiguice feminina
Na lista uma preferência,
A doce cajuína.
Em tardes quentes banhava Lila
As asas cor de rosa a proteger
Ao avistar seu amor
Feliz a ele ia.

Como se fosse à primeira vez, ria.
Quem dera aquelas nuvens
Tivessem molhado a terra
Esfriando seu pulsar,
Evitando o “fio invisível”.
Do fatal “malabarizar”.
Os passos solitários da notícia
Levou a verdade
A caatinga
Desolando o vaqueiro
Calando o som dos chocalhos.
Entristecendo o galo
No terreiro do Curral Velho.
As asas cor de rosas
Tinham partido
solitariamente
Deixando Álvaro.

Em homenagem a Raimunda Menezes (esposa de tio Álvaro Ernesto)




Ao meu Pai: Pedro Ernesto Gomes de Sá



P elos caminhos da caatinga
E nfrentava os desafios do vaqueiro
D e perneira e gibão
R ogava Deus no mato o gado encontrar.
O chocalho era a identidade, no curral ia laçar.

E sperava a chuva vir, para esconder as sementes com o pé.
R ezava para o santo, dá colheita em cada cova de fé.
N o papel com traços marcava a venda do criatório
E sperava em frente ao rádio
S eguia o repertório
T er músicas de Gonzaga e dos bons sanfoneiros
O uvia o “Repórter Esso” e até rádio do estrangeiro

G ostava de presentear os netinhos
O ferecendo uma “criação” novinha
M esmo não tocando instrumento
E nsaiava um som na lata com uma faquinha
S abia medir palavras, era observador

D eixou exemplos de herança
E sperava nunca passar por “uma dor”

S abia relembrar gentilezas
A ssinalava no peito onde guardou.



Doce lembrar




Álbum de foto, ”O SAGRADA FAMÍLIA”
Eram símbolos de você.
Sentimentos embalados
Por Ângela, Martha Mendonça.
Refeições orquestradas por Tabajara, Lafayette...
Ouvindo Perfídia ou Aquelles ojos verdes
Quem pode esquecer?

Sonhos de amor...
Perfume da Avon
Mapas, provas,
Era inteira na profissão.

Bolos, cremes, doces tortas.
Deliciosa como paixão.

Clara em neve
Busca de união...
Tentativa de transformar
O amargo em bom paladar
Com sua essência de dedicação.


Vinha à calçada com sua cadeira de vime
Rever estrelas, conversar...
Mas longe do cheiro dos tamarindos
Da sua rua de outrora
A fumaça de seu cigarro
Interroga “a ação esgrime”
O que batia naquele peito àquela hora?

Nos olhos de suas crianças
Onde seus sonhos moram agora
Sobravam cores, risos, bolas, sanduíches...
Voltava sempre ao álbum
A vida ali persiste.

Vestida de formatura
O casal sorrindo vê-se
Neném e Águas Finas
Versos de uma canção triste
Diferenças entre signos
Que em todo mundo existe.

Esmalte cintilante suas unhas revestem
Ouvindo Maysa
Faz touca, vira touca, o cabelo não esquece.
Disfarçando algum desencanto
Que a vida às vezes oferece.

Se possível fosse
Luz néon colocar

Palavras iguais a ela iam brilhar:
Bondade, profissionalismo,
Suavidade, gentileza.
Amizade, cordialidade,
Adoração a guloseimas.

Queria medir sua partida?

Uma saudade veio ocupar o lugar,
Das estrelas do firmamento
Que solidão ao olhar!
Cadeiras vazias sem seu conversar
Num minuto estava tão longe
Um frio veio avisar.
Pôs-nos nessa “montanha” que separa os que se vão

E o eco só responde nossa pergunta em vão:
Por que tem que levar quem vive em nosso coração?

Fecha-se o álbum
Perfumes não aromatizam mais
As doces sobremesas tão doces e inesquecíveis, como ela.
Presente em mapas, rios e cordilheiras,
Vive a inesquecível
“Cinderela”.

À querida e inesquecível: Marluce Gominho Ferraz de Sá

Shopping sertanejo,Paisagem rural,Brincadeira de "criança e meia"


Shopping Center sertanejo
.
(Floresta do passado)

Se era uma batata inglesa que faltava
Em Zé Tito ia achar.
Um bolo de laranja, chocolate torrone
Zé Goiana era o lugar.
Presentes, esmaltes, brilhantina
E muitas miudezas
Em Jaci encontraria com certeza.
Se for uma meada,
Em Seu Siato ia ter.
Se fosse xampu, sabonete, creme dental
Em Zezé tinha uma variedade.
Se fosse biscoito sortido, manteiga, açúcar.
Zé Vicente dava um show ao embrulhar.
Se alguma dor ou febre atormentasse
A Farmácia de Seu Arlindo ia nos acalmar.
Se algum calçado quisesse em Deusdedith
E em Odilon, por certo ia encontrar.
Se na casa faltasse
Algum moderno eletrodoméstico
Podia ir a João da Mata Modesto.

Se bem num vestido novo
Uma mulher desejasse aparecer
Podia encomendar
Pra Lourdes Xavier fazer.
Se quisesse um compacto, um LP, um bolero
Podia comprar em Aldo Cornélio.
Se a falta fosse de terços, mensagens de fé, cartão de Natal
Podia comprar na Livraria Paroquial.
Se na hora de vestir buscasse uma roupa impecavelmente arrumada
Cota ou Maria por certo teria deixado bem engomada.
Se quisesse uma roupa nova
Um corte de tecido bom,
Pra dez ser a nota
Podia ir a Tonho Jota.
Se faltasse uma estante
Ou infelizmente um caixão.
Era só ir a Valdomiro ou a Pedão.
E se fosse viajar, pra no caminho não empancar
Era só ir ao posto Pedro Rosa
Ou ser abastecido por Napoleão.
Dia de festa, nas madrugadas
Pra bebida não atrapalhar
Era só tomar os caldos de Maria Gorda
pra poder continuar...
Se uma cocada
Fosse um bom agrado
E razão pra tomar água
Era de Pitú e de Cianinha
As que não faltavam.
E se quisesse por fim
Registrar uma ocasião,
Um casamento, um batizado
Um simples 3x4, ninguém melhor era,
Que Seu Rafael e Barto.
Se algum menino
Fosse hora de batizar
Podia ir aprontando a festinha
Camisa de pagão pra escolher
Tinha em Sinhasinha.
Se o consumo de banana
Fosse na semana, além da média
Não precisava fazer drama
Era só ir comprar em Domésia.



Paisagem rural

O sol amanhece clareando os pássaros
Cercas, espinhos, bichos.
Pedras, ninhos, gente,
Chocalhos perdidos no mato.
Poços, cacimbas, gado, terreiro,
O cavalo, a cela, o vaqueiro,
Veredas, enxada, bornal,
Espingarda, aió.
Corda, gibão, perneiras, alazão. Bode, cachorro, touro.
Facão e machado.
Vacas e pilão.
Moinho, chaleira, alpendre,
Tamboretes, Curral.

Queijos e Ilha Grande
Açude e Boa Ilha
Latadas e Curral Velho
Bodega e Caldeirão.
Cavalo selado,
Os Quinca Pedro montados e Urubu.
Rede balançando,
Bode assado cheirando e Alto Monte.
Frutas e Algodões
Escola e Santa Paula
Café forte, pássaros verdinhos voando e Papagaio.

Mãe Lindaura, parteira.
Tonho Abel medindo a chuva
Carros e Rancharia
Leite, poesias e Boa Sorte.
Mucunã, Voltinha e Tapuio.
Mari, Quixabinha, Boa Esperança.
Baraúnas e Pocinhos.
Jatobá e Quixabeira
Riacho e Bom Conselho
Rancho dos Homens e Curimatá

Juazeiro e Cachoeiras
Boqueirão e Serrotinho.
Batatas e Santa Terezinha.

Banhos nas águas do Velho Chico e Grande Rio.
Ônibus na central e Varjota
Missas, novenas e Airi.
Poço Novo, Navio, Siri.
Curral Novo e Bom Lugar.
Paisagens, fazendas,
Umas que só ouvi falar,
Lugarejos, vila
Que na infância me viu por lá.



Brincadeira de “criança e meia”.

Ele me lembra o meu sapato e meia
Vestido de cintura
Risos e brincadeiras.
O outro lembra cartas, fotos,
Junho e Dezembro,
Nosso coração de estudante.
De outro me vem lembranças doces
O afago da mão
A dança, o olhar que não se esquece,
O circo, a praça, o cinema.
Um me lembra a Pereira Maciel.
O outro me chegava pelo correio
Onde quer que eu estivesse.
Um, depois, só mais tarde, aparece.
Mas de um deles
Um beijo a sete degraus ganhei,
Nem ele sabe que foi nada igual.

Brincadeira e Capital
Estudante e dispersão
Lembranças e amizade
Pereira Maciel e sublimação
Correio e paixão
Aproximação e gratidão
Beijo e distância
Razão do meu NÃO.

Capital e embalo
Dispersão e engasgo
Amizade? E namoro?
Sublimação e distância
Paixão e esquecimento
Gratidão e silêncio
Distância e solidão.
A culpa foi da geografia
Que até hoje maltrata.
Do seu álcool em fim de festa
De Roberto Carlos

Da timidez.
Não acreditei no que li
Faltou um novo beijo talvez,
Um novo embalo
Uma visita
Uma nova carta.

Aos amigos:
Edilberto Ferraz, Aloísio Ferraz, Aldo Menezes, Tadeu de Sinhá, Chico Goiana, Eduardo Henrique, Edmir de Almeida Ferraz.

Pintura de Infancia,15 de Nov,Estrelas do meu sertao

Em 1976 ingressei no curso de Psicologia da Universidade Católica de Pernambuco. Nesse mesmo ano junto com outros universitários de cursos diversos de Universidade diferentes, através de conhecimentos e amizades, resolvemos lançar uma antologia de poesias e crônicas.

Verdade
Sua presença domina,
O receio persiste,
Eliminar dúvidas
Conscientizar,
É necessário
Eu sempre disse.
É preciso tempo,
Cautela,
Lucidez.
Seja autêntico
Seja sincero,
Conheça tudo sem pressa,
Não me queira muito
Assim de vez.
Não estou sabendo dos seus dias
Nem entendendo seus abraços
Não contei das minhas tristezas
Você não falou dos seus fracassos.
Seja você fique a vontade
Não seja assim tão perfeito

Não tema uma repulsa
Nem me esconda seu defeito.
Eu quero lhe cercar
Por muitas horas verdadeiras
Não se assuste se eu chorar
Ao dizer uma brincadeira.

Se você me invadir
Tome conta devagar
Não se perca no caminho
Não se deixe mascarar.

Eu lhe acolho todo tempo
Se a razão não tiver fim
Mas não negue nunca a verdade
Nem a você nem a mim.

Lourdes Ferraz


A poesia citada consta no livro: Em Cima do Rastro. Antologia de poesias e crônicas dos autores: Washington L Martins, Marília Valente, Raimundo Ferreira, Maria de Lourdes Ferraz e Pedro Albuquerque. Lançado em 1976 em Recife na livraria Livro 7.

Floresta nunca saiu do meu pensamento, assim surge distante dela, alguns escritos.




Pintura de infância

No retrato que faço de mim
Às vezes me pinto de planta:
Xiquexique, macambira, oliveiras, onze horas.
Outras vezes me pinto de coisas:
Pote de barro, pilão, rede, batida de facão, esporas.
Às vezes me pinto de sabores:
Melancia, pipoca, quebra-bucho, mungunzá.
Pinto-me de bichos:
Bem-te-vi, beija-flor, mocó, sabiá.

Às vezes me pinto de veredas,
Serrotes, roças e espantalhos.
Pinto no canto do quadro, a velha lata de rapaduras.
Pinto o bule, as canecas, bolinha de meia,
Boneca de pedra e a caixa das bonecas de pano.
Pinto o rádio, a máquina de costura e o quadro do Coração de Jesus.

Pinto ações de minha mãe, com latas carregando água.
Pinto a força do meu pai e o peso de seu aió.
No quadro pinto as cercas,
Os serrotes,
O Riacho do Navio, o poço.
Lá longe, pinto a casa de minha avó.
Pinto o curral, a tigela de ágata, o chiqueiro,
As cabras, a cancela e os chocalhos.
Pinto espiga na brasa e o cheiro de bode assado.
Pinto homens conversando em volta do cercado
Numa venda do criatório acertando um dinheiro escasso.
Pinto a mulher chegando com traços de desamparo
Traço minha mãe entregando mochilas
Com mantimentos tão desejados.

Às vezes me pinto de festa:
Missa, eleições, novena.
Pinto-me de coisas doces:
Bombom “café e leite” de Raimundo Feitosa
E de alfenim de Veneranda.
Pinto-me de talco e perfume cashmere bouquet
Na tela da memória, pintura da minha infância.
Ladeada de caatingueiras e freixeiros
Debaixo dos alpendres do Alto-Monte
Que me viu crescer.


Rua 15 de Novembro

Um pouco de infância
Ali ficou
Onde as cinco pedrinhas de seu chão
Foram minhas companheiras
Atrás da porta.
Eu brincava com elas
Elas comigo?
Num lazer solitário.

Da minha infância ficou
Na calçada da Professora Expedita
De cimento bem feita
Caco de telha
E um avião traçado
De amarelinha brincava
Solitariamente a pular.

De infância ficou
Na sombra do “pé de ficus” de Bianor
Que arborizava um pedacinho de chão
Sob sol escaldante.
Ficou minha infância
Do outro lado da rua numa visão bela e rosa
Das espirradeiras de Madrinha Amerininha.

Ficou no ar
Embalada pelo som de Saraiva
Que da radiola potente de Seu Rubens, vinha .
Ficou minha infância
Presa em galões de água vindo do Rio Pajeú
Até nós
Pelo burrinho de Seu Bernardino.
Ficou um pouco dela

Naquela lona de circo
Que viu a alegria
Daquele povo de minha terra.
Ficou no Grupo Júlio de Melo
Na diretora D.Ademar
Que apesar de nunca ter estudado lá
Via como símbolo de respeito e educação.

De infância ficou naquela casa
Cheiro de talco de carnaval
Bola de sopro de tantas cores,
Espelho de bolso, bolas de gude,
Pentes de plástico, brilhantina,
Caneta bic, sabonetes...
Composição do estoque
Do comerciante Jaci.

Lá deixei pedrinhas
Jogo de amarelinha
Cheiro de talco de carnaval
Os passos pra minha escola
Espirradeiras contentes.
Gotas do Pajeú
Risadas de um circo
Onde estive presente.


Estrelas do meu Sertão
Sob o céu azul dos sonhos
A sensação de pertencer,
Como num conjunto
Em Matemática
Poder conter...
No dia a dia
Enfileirava-nos,
Exercitando ordem,
Num sinal destro de cruz,
Lembrava-nos Cristo
Crucificado.
Sob liderança grupal
De um saber descortinado.

No borrão, deixava meus erros.
E toda anotação,
Na sala tínhamos o
Conhecimento seriado
Que não se obtinha em vão,
Com papel madeira os
cadernos eram revestidos

E ganhava um ponto
Em compensação.
Decalcomania nas paginas
Era adorno, ao abrir.
Nas páginas de um
San Rafael, Mapas.
Pintado a lápis
De cor, raspado,
Pistilos e aparelhos do
Corpo humano desenhado.
Questões sobre fotossíntese,
De Cordilheira dos Andes,
Equador, Império,
Revolução Praieira,
Assuntos da prova organizados.
Atenção ortográfica
Em o pôr- do -sol,
Uma descrição em vinte linhas,
O sentimento revelado em tintas,
Em pinceladas de abstração,

Da marcha patriótica
De boina, luvas e meião.

Ao jogo, a dança.
O som de cantigas de São João.
Assim se somou na criança,
Hábitos, Saberes
Ao brincar de amarelinha.
A adolescente encantada
Pelas estrelas do sertão,
Por um tempo que não
Envelhece, não aquieta ainda não

Lembrar é acalmar a alma

Como a chuva que leva ao chão,
O líquido que gera nas roças de minha terra,
O florescer do grão.


À minha diretora, mestres e mestras:
Janete Jardim, Gleide Lima, Selisci Gonçalves,Sílvia Leite, Socorrinho Tiburtino,Sonia Diniz, Célia Delgado, Marluce Gominho, Nely, Maria Arminda, Marbel, Lena Ferraz, Lourdinha Leal, Dr.Gentil, Jarbas, Benicinho, Maria Helena.Lúcia Ferraz, Cleonice, Marister, Socorrinho Diniz, Sílvia Delgado, Diquinho, Nena Ferraz, Selma Rosa, Daída Gominho, Dinair, Cleide Ferraz.

Inicio do Sertão, sabores e sentimentos





Não preciso guardar minhas lembranças em gavetas, eu tenho um peito que não pára de pulsar, emocionadamente, o que registra a memória: Do beijo de papel que recebia do meu pai sentada no colo dele, enquanto cortava miudinho o fumo para seu cigarro. Com o papel de seda na boca, ao me beijar, fazia barulho eu como criança pequena achava uma graça o chiado do papel de seda.

Do cheiro raro de chuva, no solo do sertão. Do meu pé, deixando marca na areia molhada, do Riacho do Navio, como dizendo:
- Esse, é meu solo. E a terra úmida, será mãe. Logo logo, colherá as sementes que darão novos frutos e novo paladar.

Dos afetos vindo de escaldados preparados por minha mãe pra me aquecer, depois do banho de chuva, que lavava nossa alma de esperança. Feitos com leite e farinha de mandioca que era comprada ao Manoel Gogia, trazida da Serra Negra. Farinha igual não havia. Da fúria das águas do Riacho do Navio arrastando cercas e cuias (lembro que perder uma cuia era muita coisa). Ela é que conduzia o líquido de beber (quase ouro, em épocas de seca) para dentro das latas, em tardes de sol se pondo. Dos umbuzeiros, dos quais colhíamos farto lanche e aguardávamos uma umbuzada sem igual, feita pela minha mãe. Das faveleiras, das quais tirávamos aquelas favelas mais bonitas para fazer carrapetas. Exercitamos com elas muito nossa motricidade. Fazíamos desafios para competir qual carrapeta caía primeiro. Tínhamos latas cheias de favelas. Vai, não vai, uma estalava. Lá se ia uma boa carrapeteira, talvez. Das baraúnas de doces resinas, colhidas as escondidas, à tarde (“faz mal a garganta menina!” - dizia minha mãe). Dos trapiazeiros a nos seduzir com aquele fruto amarelo e de um cheiro! Das cafofas sob o chão e só colhidas para aliviar a sede vinda do sol escaldante. As noites de novenas em Airi, do tirado do terço de Tia Quininha e Adauta liderando o “A nós descei..” estimulando a sensibilidade, a fé. O pós novena, para brincar sem preconceito de classe, nem de raça, de “Sou rica, rica, rica…” com a meninada do vilarejo, à luz de uma lua, que nos guiava depois, pelas veredas, até o caminho de casa.

Do apito do ônibus, que não tinha todos os dias. Vindo de Recife à Floresta e que aguardávamos em DIDI (casa de café na beira da estrada). Guardei na lembrança aquela sensação de ver os que vinham da capital por meio dele, trazendo em seus bancos fofos (eu que conhecia bem tamborete, comparava) revistas e jornais que me faziam imaginar um mundo diferente, fascinante, que devia existir… Eu precisava conhecer, sem contar, no cheiro nada comum das maçãs.

Estávamos entre 1958 a 1960. Deixei o cheiro do mato, o som dos chocalhos das vacas, pra me encantar com os lustres e os vidros coloridos das janelas da cidade que se avistava de longe ao chegar a Floresta.

Que bela era a igreja matriz, sua torre iluminada, seus lustres imensos pendurados, o coro de onde ouvíamos lá do alto, cânticos religiosos. Encantada com os lustres, eu me lembrava do simples candeeiro a querosene da fazenda. A praça e a casa de Dona Dondom em dezembro, aberta a visitação pra que víssemos a lapinha, a gruta de Belém, mostrando o menino Jesus na manjedoura. Era o que havia de mais fascinante. Não havia TV ainda na nossa cidade.

Não agüentei, era muito criança. Voltei pra vida da fazenda, pro balanço da rede que só mãe sabe o ritmo de balançar. Pra voltar depois um pouquinho mais tarde, sabendo que os livros me levariam a um mundo que eu queria conhecer… não tinha mais como esperar.

Vida na cidade de interior… O cheiro do pão quentinho (que eu não reconhece outro igual), a bolacha salgadinha de Seu Zé de Dei, tapetes em dia de feira de caju e manga, banana, pinha, pitomba, goiaba, laranja, oiti e adereços de catolés e coentro. Cheiro inesquecível na feira, junto às cestas e carrinhos das madames.

As latas de mantimentos para reservar a farinha e os legumes de primeira, que confiávamos a Antônio de Velho. Junto a tudo isso, pelas ruas da cidade, via as figuras à margem da normalidade, fazendo-me observar o outro lado do ser.
Rita Baé no seu mundo alucinatório era intolerável a quem reforçasse suas fraquezas, fragilizando seu imaginar. Passiva, nunca. Se alguém lhe provocasse, coitado do feirante, ia perder suas pinhas, pois ela irracionalmente as associava a pedras e as atiravam, sem parar, nos insultadores. Eu via V8 (com traço sempre sisudo) de comunicação difícil, fazendo-me pensar como viver sem ser socializado! Era tamanha sua divergência higiênica, arrastando junto a si todos os objetos e seus dramas mudos. Complementava esse quadro, a dupla: Zé Abraão e Luzia Beba. Afinidade no beber demais.


O que fazia o homem por meio do álcool se entorpecer? Que dramas poderiam ter... Mas mesmo assim, Zé, não tolerava provocações. “Se eu me azedar, se eu me virar eu pego!” Como esquecer que encontrei na minha terra, o Petrônio, a recitar compulsivamente Augusto dos Anjos, nos fazendo pensar: o mesmo que ama, pode ser o que apedreja depois...

Aprendemos com essa apresentação normal deles, como custa caro ser sensível demais ou desequilibrar. A vida na cidade também trazia uma reflexão e estímulo ao exercício da religiosidade. Havia uma integração sinalizada por fitas. Filhas de coração de Jesus (fitas vermelhas), filhas de Maria (fitas azuis) e da Cruzada (a juventude de fitas amarelas largas). Descobri que havia algo lúdico e fui ser da Cruzada buscando me identificar e  integrar aquele grupo liderado por Mazé Leal.

O colégio, quanta alegria saudável! Estudei no Colégio Dep. Afonso Ferraz, onde adquiri plena consciência de civilidade e noção de inserimento no mundo. Mesmo em terras longínquas e ainda desprovida de desenvolvimento. As aulas, marcadas pela sineta tocada por Nida, que atentamente a balançava com precisão suíça. Quantas vezes nós estudantes dissemos baixinho no finzinho de uma aula: - Toca Nida, toca, vai; pra nos livrarmos de uma argüição oral. Atenta de igual modo era ela aos filtros pra que os alunos não fizessem molhadeira na retirada dos copos.

Não posso esquecer o dia em que o homem desceu a lua com a nave Columbia na missão APOLO 11. Estávamos no auditório do colégio, para ouvir por meio do rádio, nesse momento. Foi estudando nele que pude por meio das tintas expressar sentimentos, abstrair a realidade. Foi lá, que joguei tão importantes (pra quem precisa exercitar relacionamento, segurança, domínio e habilidade) raquetadas de ping pong. Na biblioteca, me concentrava para folhear diariamente e conhecer as enciclopédias que me fascinavam.

Nesse colégio, dancei inocentes passos na festa de São João e em homenagem às mães, recitei poesias e apresentei dancinhas. Dali partia marchando em pelotão, numa emoção patriótica, ao centro da cidade, em 7 de setembro. A manhã era repleta de dobrados, ouvidos de bocas de difusoras, estimulando logo cedo nosso sentimento. Por meio desse colégio, participei de concurso de redação promovido pela prefeitura. Tive a honra de receber do prefeito (na época, Luiz Novaes) o prêmio, em plena homenagem ao sete de setembro, no palanque frente à prefeitura.

Parece simples demais, grandioso, no entanto, para quem é adolescente, e precisa somar acertos e aplausos. Sou um somatório, portanto dessas mestras todas.

O coreto na praça, palco de muitos comícios em épocas de eleição, representação da importância da exposição de idéias, de aprender ouvir e analisar a aceitação de um povo cada vez que se escutava intercalado aos discursos entusiasmados dos políticos, um expressivo: ”MUITO BEM” e um aplaudir dos conterrâneos. Nele ouvíamos: Audomar Ferraz, Fiúza, Paulo Guerra, Aderbal Jurema, Milvernes Lins... Era uma maravilha ouvir Audomar Ferraz buscando afinidade com os florestanos iniciar o discurso invariavelmente dizendo: ”POVO DA MINHA TERRA”.

A praça e seus bancos, uma enorme sala de estar. Quantas palavras de amor foram ditas ali pelos casais!





A sorveteria de Seu Dedé. Os assustados nas férias, nas casas de quem entendiam melhor os jovens, bastava isso e uma radiola. Motivavam o encontro da geração que estudava fora da cidade. Registro de olhares com o brilho da adolescência. As músicas são inesquecíveis: O Milionário dos Incríveis, A volta dos Vips, Última canção do Paulo Sérgio, Coruja do Deno e Dino, O bom rapaz de Wanderley Cardoso, Nossa Canção de Roberto Carlos, Festa de arromba de Erasmo, Ternura de Wanderléia, Querida de Jerry Adriani, Não te esquecerei de Renato e seus Blue Caps, Coração de papel de Sérgio Reis e tantas outras.

O circo… como esquecer o palhaço Melão: “Aiii Jisus”, e todos os outros circos. A arquibancada, a companhia da época (amigo até hoje). O parque de diversão, ouvir “Zíngara” e “Estela” no sistema de som. Girar na roda gigante era quase chegar ao céu…

O Cine Recreio, cinema de Evan, trazendo: A noviça Rebelde, O diamante cor de rosa, Dr. Jivago… As matinês, os chicletes de bola comprados na entrada (que cheiro e gosto bom era o Adams…). Seu Amaro sempre ali cordialmente.

O Clube Grêmio 3 de julho, soltando no serviço de auto-falante músicas como: Sentimental demais, Os verdes campos da minha terra, Lêda, Última canção, A volta, Meu Bem, Coruja, O milionário, O bom rapaz, Nossa Canção, Querida, Não te esquecerei, Coração de Papel e tantos outros.

Suas festas com o sanfoneiro Agostinho. O fim de festa com Benicinho a cantar As pastorinhas. Era um exercício em unir emoção e incluir-se socialmente, além de reafirmar minhas afinidades em ritmo, ao identificar o meu par preferido…

O som dos Anônimos, o guitarrista Zezinho Cahú, o vocalista Acioli! No seu cantar dava o clima a cada peito, a emoção necessária pra sentirmos felizes no ritmo dos passos e no aconchego do cavalheiro.

Em meados dos anos 60 explode a Jovem Guarda-1965 a 68. Wanderléa, Roberto Carlos, Erasmo Carlos era o máximo. Era o reflexo brasileiro do rock internacional, com músicas românticas e descontraídas que faziam sucesso entre os jovens. Elvis Presley e os Beatles completavam a felicidade. Como esquecer: Help (Beatles) ou Kiss me Kiss (Elvis). Era quase sentir-se íntima do cantor ter um pôster de Roberto Carlos de corpo inteiro! Ele criou moda com seus anéis, medalhões e fivelas calhambeque. Além do programa e dos discos, fez filmes inspirados no modelo lançado pelos Beatles nos anos 60. O primeiro longa, "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", foi lançado em 1967, seguido por "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa". Nos anos 70, muda de estilo e torna-se um cantor e compositor basicamente romântico. Mais tarde, aparece “Detalhes”. Música de tão forte expressão no meu coração.

A década de 70 foi marcada musicalmente no Brasil.
Foi ano de COPA. O som de Pra Frente Brasil, de Miguel Gustavo, música consagradora da conquista do tricampeonato mundial de futebol no México pelo Brasil é uma das músicas inesquecíveis dessa época.

Pra Frente Brasil
(Música da Copa de 70)
Noventa milhões em ação, Pra frente Brasil, Do meu coração... Todos juntos vamos, Pra frente Brasil,Salve a Seleção!
De repente É aquela corrente pra frente, Parece que todo o Brasil deu a mão... Todos ligados na mesma emoção... Tudo é um só coração!Todos juntos vamos, Pra frente Brasil!Brasil!Salve a Seleção!!!
A seleção canarinho conquistou seu terceiro título e a taça Jules Rimet. A Copa de 70 consagra Pelé e 90 milhões de brasileiros acompanharam pela primeira vez uma Copa ao vivo pela televisão do estádio Jalisco, em Guadalajara. Nós em pleno sertão, vibrávamos pelo rádio. Esses nomes fizeram nossa alegria em 1970 eu sabia de cor: Felix, Ado, Leão. Carlos Alberto, Zé Maria Brito, Wilson Piazza, Everaldo, Baldochi, Marco Antonio, Joel Camargo, Clodoaldo, Gerson, Fontana, Jairzinho, Tostão, Pelé, Edu, Dario, Paulo César, Roberto, Rivelino e o TÉCNICO: Zagalo.

Nosso Brasil vivia ainda sob comando dos militares. Vivíamos a era do “AME-O ou DEIXE-O” quando surgiu a música que estimulava que amassemos o Brasil.
Eu Te Amo Meu Brasil
Autor: Dom e Ravel

As praias do Brasil ensolaradas
O chão onde o país se elevou
A mão de Deus abençoou
Mulher que nasce aqui
Tem muito mais valor

O céu do meu Brasil tem mais estrelas
O sol do meu país mais esplendor
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras
Vou plantar amor

Eu te amo meu Brasil, eu te amo.
Meu coração é verde, amarelo, branco, azul, anil.
Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil

As tardes do Brasil são mais douradas
Mulatas brotam cheias de calor
A mão de Deus abençoou
Eu vou ficar aqui
Porque existe amor
No carnaval os povos querem vê-las
No colossal desfile multicor
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras
Vou plantar amor

Adoro meu Brasil de madrugada
Na hora em que estou com meu amor
A mão de Deus abençoou
A minha amada vai comigo aonde eu for

As noites do Brasil têm mais beleza.
A hora chora de tristeza e dor
Porque a natureza sopra e ela vai-se embora
Enquanto eu planto o amor.

Chegando a Recife em 70 as músicas da época que eu mais escutava eram: as do LP Jesus Cristo de Roberto Carlos, Primavera (Tim Maia), Hey Jude (Beatles), Cândida (The Fevers), Have you ever seen the rain... Talvez por desejo inconsciente, cantava.

“I want to know, have you ever seen the rain
(Eu quero saber, se você já viu a chuva)
I want to know, have you ever seen the rain
(Eu quero saber, se você já viu a chuva)
Comin' down on a sunny day”
(Caindo num dia ensolarado)

Abertura do livro Sertao, sabores e sentimentos






Pensar em Floresta é pra mim quase um delírio. Tomo como reais coisas que se foram... Escuto sons, sinto cheiros e sabores. São misturas de alegria, saudade e as sensações de perda. Por trinta e sete anos lidei com esses sentimentos, distante geograficamente dela, quase por todo tempo. No ano de 2007, ano especial para nossa cidade, parecia não ter mais por que não registrar o que vem na memória. Para o papel passei o que meus cinco sentidos me fizeram sentir. Montei assim Sertão, Sabores e Sentimentos, com toda simplicidade, visando retomar a própria vida, desde a criança na fazenda, depois a estudante e adolescente na Terra dos Tamarindos e por fim, na capital pernambucana. Não tive em momento algum, interesse em transformar os escritos em algo literário, grandes escritores Florestanos já tão bem fizeram. Queria mesmo era me relembrar criança, fazer sua pintura mental, oxigenar meu peito com ares rurais, lembrar de sons, objetos, bichos e frutos do mato. Tocar na amada Floresta, como em quem adora, montar todas as peças do quebra - cabeça que faz sua imagem, acrescentando pedacinhos da Floresta atual, crescida, que não conheço, mas tomo como familiar. No fundo, queria me sentir filha acolhida em sua vida centenária, me reencontrar vindo do passado ao encontro do presente.

Quem sou eu

Recife, Pernambuco, Brazil