Aboiação Sertaneja
O vaqueiro nordestino
Mesmo antes de acordar
Têm sela,gibão, esporas.
Esperando pra botar
Ter bornal com rapadura
Farinha no saco pra levar
ôÔÔ êee
Na caatinga ele acerta
Onde o gado vai estar
O sol ainda vem ai
O gado por acordar
O chocalho diz o bicho
Que ele vai levar
O cavalo espera quieto
A ordem de rebanhar
A espora é o presente
Do verbo vaquejar
Esbarra o cavalo em cima
Antes do bicho se espalhar.
A caatinga tem ponta fina
O vaqueiro corre perigo
De cair de um serrote
De uma furada no umbigo
Tem valor o guarda peito
De couro bem curtido.
ÔÕÔ
Todo vaqueiro nordestino
Antes de uma vaquejada
Pede proteção ao santo
Pra santinha
lhe benzer
Pra enfrentar touro brabo
E no mato não morrer.
A mulher do vaqueiro
Quando ele vai vaquejar
Bota todo mantimento
Que ele possa precisar
Pede ao Padin Ciço
Pra não deixar enviuvar.
Os filhos de um vaqueiro
Quando começa a andar
Segura na perneira
Tenta ela experimentar
Pede ao pai uma garupa
Pra poder se acostumar.
O vaqueiro quando chega
No curral do seu lugar
Abóia longo o seu canto
Pra o bicho se acalmar
Guiando com o cavalo
A porteira encontrar.
ÔÔÕ
Homenagem aos vaqueiros pegadores de boi e bode das veredas e caatingas da Serrinha, Serra dos Periquitos, Oidagüinha, Serra dos Pereiros, Serra Negra e outros matos.
Aquecimento de vaqueiros
Cavalo bom é o ligeiro
Que pula qualquer balseiro
Estala pau no lombo
Desvia vaqueiro do tombo
Pula qualquer cipó.
Vaqueiro bom é o valente
Que bota careta e cambão
Em boi brabo que arremete
Cisca terra no chão.
Confia no seu cavalo
Na perneira no gibão
Quando o bicho se acua
Um grito logo ressoa
“iaá iaá iaa êêê”
Se o bicho desafia
Na hora de chegar
Bota carreira e se espalha
Pressente sua prisão
Vaqueiro bom é o que grita
Cheio de afobação
“Ta cega murrinha”
Não ta vendo a porteira não?
Que trabalho dá ao vaqueiro
Um bicho teimão.
Escondida a mulher reza
Pede ao santo proteção
Pra acalmar os bichos
Dá por ganho a vaquejada
Felicidade de vaqueiro
Depois de uma vaquejada
É ver os bichos presos
E a porteira bem fechada.
*******
Aos vaqueiros das caatingas que na infância vi vaquejar. Entre esses meu pai: Pedro Ernesto, Álvaro Ernesto, Raimundo e Luiz de Mãe Lindaura, Bé e Tatá.
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sábado, 8 de março de 2008
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Quem sou eu
- Lourdes Ferraz
- Recife, Pernambuco, Brazil
Um comentário:
Vaqueiros bravos foram também nossos tios Antônio e Né Ernesto.Pelas histórias que ouvi triste era o boi valente que eles tivessem em seu encalço.Lembro-me das conversas em roda de amigos/irmãos das suas aventuras com seus bons cavalos caatingueiros.Lamento só lembrar ,por nome, o cavalo Jacaré...
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