À minha mãe: Maria Ferraz de Sá

M oça de olhos azuis
A njo de proteção
R isos na acolhida
I ndigência tratava com compaixão
A ntes que ouvisse “socorro”, ia a quem precisava de “uma mão”.
F eliz quem lhe conhecia
E nsinava sempre o valor da união
R iqueza não trazia alegria
R ecomendava ter bom coração
A licerce de fé em “tempos de ventania”
Z elava “as sementes” para que o fruto viesse na mais “difícil estação”
D istante dos entes queridos
E ncaminhava “os sinais” de seu coração
S inônimo de lealdade e aconchego
A nte uma desavença, sempre recomendava o perdão.
Vovó LIA

Com seus netinhos, Monique e Roberto, filhos da autora.
V oava até nós, como o pássaro que ao ninho vem proteger
O rava cedinho e o terço ao anoitecer
I amos juntos à escola, a sua mão à nossa infância a proteger
N o quarto passava o pó ”Promesa”
H idratante para rejuvenescer
A lfazema ou lavanda eram cheirinhos no ar de você
Q uem dera, voinha agora!
Unida a nós, feliz seriamos
E mbora bem velhinha, por certo.
R ica a presença seria
I a nos alisar os cabelos
D izer palavras de recomendação
A tenção, respeito e carinho,”meus filhos”, é a base para a UNIÃO
Joaquim de Carvalho Novaes
Q uem dera, voinha agora!
Unida a nós, feliz seriamos
E mbora bem velhinha, por certo.
R ica a presença seria
I a nos alisar os cabelos
D izer palavras de recomendação
A tenção, respeito e carinho,”meus filhos”, é a base para a UNIÃO
Joaquim de Carvalho Novaes

Que nome poderia ter para quem sabendo que estamos com pontadas na alma, com o assoalho do peito todo trincado, com o telhado da cabeça fazendo goteira arrumava um jeito de deixar o chão bom de andar, o teto firme sem ameaçar, de frio não tendo como morrer?
Que nome poderia ter, quem alerta para as conseqüências, quem põe o espelho da franqueza diante de nossa cara, quem apesar disso falava por VOCÊ, ia resolver qualquer parada se precisasse?
Que nome poderia ter quem ultrapassava quilômetros para melhorar uma situação pra você?
Que nome poderia ter quem por certo protegeria meus filhos se antes eu tivesse que ir...? Na nossa juventude dava sua impressão se usássemos um baton vermelho demais, uma roupa com alguma provocação, podia aguardar... Ia ouvir um carão;
Se nos enfeitássemos com muita sombra, brincos, pulseiras e coisa e tal, ele achava um exagero e ia dizer: - Estão enfeitadas que só “cruz em beira de estrada”.
Se tivéssemos todos conversando ao mesmo tempo dificultando a compreensão ele compararia pra todos ouvir: eita “mistura de porco com gato”!
Era intolerante a vida mansa e a vulgaridade, mulher dividindo baforadas de um cigarro... Ele rasgava o verbo. Mas era essa mesma pessoa que apareceu quando o Brasil em crise econômica levava as empresas a demitirem (eu casada recente tive que passar por essa com meu marido - que era de empresa privada) nessas horas as pessoas somem... Ele foi um dos que ofereceu deixar a renda de uma casa de aluguel (em Ouro Preto) à nossa disposição.
Em momento de fragilidade emocional, já separada e com minha filha doente, ele chegou e não hesitou em levá-la à Clínica Santa Helena (onde ele confiava na administração dos doutores VIEIRA) resolvendo tudo por mim.
Até os últimos tempos era nosso “ALÔ Doutor” não podia ouvir falar de uma dor em ninguém que recorria a Dra. Cleone, de quem se orgulhava da sua competência e se tranqüilizava como sob um bálsamo com suas orientações.
Era ele também que tinha uma conversa animada e de boné fechava um olho e olhava com o outro, o mar, para imaginar a jangada (transporte familiar) cheia de rede e molinetes levar sonhos de pescar.
Se a TV falasse de cinema, ele ia revigorar se Mazzaropi numa reprise viesse ao ar. Se num café à tarde falássemos do Nordeste, explodiria muitas emoções ao falar de Luiz Gonzaga, Patativa, Jessier Quirino para arrematar.
Será que um nome só daria para dizer o que ele foi pra nós tudin¨? Talvez seja: ouro, força, exemplo, amigo...
Pra mim foi sempre um PRESENTE enrolado com todos esses papéis, com selo de garantia de qualidade - que fica de herança para a nova geração.
Quando a gente se encontrar... Sei que você vai me receber dizendo assim: “diiga muié véia”!!!
Ao querido e inesquecível cunhado: Joaquim Novaes.
3 comentários:
Tenho uma admiração enorme pelo poder que tem a autora de condensar seus sentimentos e emoções!Quantas características marcantes e verdadeiros há no acróstico de Maria Ferraz de Sá,minha mãe!
e no texto em homenagem a Joaquim ,meu eterno amor,me tira o fôlego completamente.É a cara dele,até sua linguagem ...Quantas saudades!
ESSES TEXTOS SÃO ASSIM A CÓPIA FIEL DE CADA HOMENAGEADO (PERFEITO)NOS EMOCIONA... PELO PODER QUE A AUTORA TEM EM FALAR, REVELANDO AS CARACTERISTICAS MARCANTES DE PESSOAS TÃO QUERIDAS E QUE JÁ PARTIRAM NOS DEIXANDO SAUDADES. HÁ SAUDADES!
Lendo as homenagens de Vovó e tio Joaquim, bateu uma saudade que chega até a doer. É o retrato dos dois, vovó um anjo de olhos azuis, que cada neto que chegava pertinho dela, ela logo passava as mãos delicadas na nossa cabeça e perguntava: "Minha filinha está bem", hhuuummmm, era muito gostoso. Tio Joaquim era um homem tido muitas vezes como um homem de postura muito firme, mais no fundo era um homem meigo e muito carinhoso.
Um grade abraço tia, como é gostoso falar de pessoas especiais.
Candice
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