
Se o riacho da minha vida
Fosse de letras do alfabeto
O “O” foi colhido por ele
Para que sonhos eu pudesse sonhar
Ele devolveu-me em:
O portunidade para estudar...
O bservação ao meu conversar
O rientação pra eu não transgredir
O lhos para minhas dores acalmar
O primeiro relógio veio me entregar
O show de Roberto me viu vibrar.
E a adolescência como túnel desconhecido a me atordoar.
A solidão como ventania a me fragilizar
A fragrância do mundo a me encantar
Meu texto de Brecht levou ao lixo pra eu não olhar
Cuidava da minha vida
Pra nada me atrapalhar
Em 70 havia perigos
De estudante ir... E não mais voltar.
Em frias madrugadas
Remédio veio me dar.
Dores tão longas, agudas.
Perguntei a Deus porque não me levar...
Nunca reclamou do incômodo que minha doença lhe causou
E sabia que ia causar.
Com ele aprendi ler o “Diário”
Ouvir o bom Trio Nordestino
No cinema vê John Wayne e Gregori Peck
Vê “Irmãos Coragem” e “Viagem ao fundo do mar”
Ir comer agulha frita
Em Olinda olhando pro mar.
Era bamba em matemática
Dizia que eu não tinha base
Sabia que era difícil
No vestibular eu levar vantagem.
Já longe dele
Vieram as gravidades
Sua saúde complicada, minha casa indo aos ares.
Nunca nos deixou só, tinha preocupação com os meus.
No telefone fazia articulações
Perguntava se esqueceu...
Inventava morte de gente que já tinha partido
Só pra testar a lembrança
E o que dizia os amigos.
E no ciclo das nossas estações
Vieram os “outonos intermináveis”...
Escassos afetos, cápsulas, drágeas, limitações.
Tal qual folha vi
O tempo passado o tempo que vivi.
O túnel desconhecido a lhe atordoar.
A solidão como ventania a lhe fragilizar
Aquele a quem me deu Oportunidade de SONHAR.
E agora só lá em cima
Irei lhe encontrar,
Cantarei músicas de Gonzaga pra lhe alegrar
Falarei de Irmãos Coragem, Viagem ao fundo do mar.
Cantaremos
Do Trio Nordestino: Forró Pesado.
Lembrando das dores que senti nas madrugadas
Eternamente direi: MUITO OBRIGADA.
Ao querido e inesquecível cunhado: Jovino Marques Filho.
Pra não nos maltratar

Como o azul e o verde
Ora era céu
Ora mar
Como palavras em cartão de amor
Enfeitava,
Tinha alegria a dar.
Como manhãs de sol
Bolinha de sabão
Onda que diz olá.
Pic-nic em dia de brisa
Pés no verde sem formiga
Sombra, água pra esfriar.
Noite estrelada
Braços que nos abraçavam
Sem nunca nos afastar.
Dores tão bem escondidas
Pra não nos maltratar.
Risos e sons tão companheiros
Madona, Versilo e forró.
Pés na areia e despedida
Registrava a geografia
Teu nome ao longe
Significando DOR.
Emoção escondendo a lua
No adeus que nos deixou só.
Ao meu querido e inesquecível sobrinho:
George Gominho Ferraz de Sá.
José Ferraz de Sá (Zezé)
Por ocasião de homenagem aos seus 70 anos.
02/07/2006

Ares de John Kennedy.
Parece que estou ouvindo
Uma voz vindo do banheiro
Cantando tão bem: “Maria Betânia tu és para mim...”.
No ar um cheiro de sabonete PHEBO.
O traje com forte preferência pelas camisas brancas.
Nós, as três irmãs, ali sob sua proteção.
Enfrentou o perigo, a pena e as conseqüências.
Mais tarde deu-lhe a vida uma taça de fel.
Fez ser guerreiro (sem escudo),
Enfrentar a perda sem lança (sem defesa).
De peito enlutado,
Teve que falar de futuro,
Acalentar quem crescia ainda.
Proteger, cuidar, ser presença.
Teve que ser dois, quando ser um, já é muito difícil.
Renovado o pensamento,
Tirou de uma caixinha (que Deus dá aos aflitos)
Todas suas forças,
Comungou sonhos... Para caminhar guiando os filhos com sua valiosa palavra, equilíbrio e paz.
Missão cumprida, meu irmão.
Aí estão reconhecendo o seu valor, o seu cuidado e retribuindo carinho.
Junto a eles, o nosso respeito e gratidão.
2 comentários:
EU SOU SUSPEITA EM DIZER MAS QUANDO VOÇÊ FEZ ESSA HOMENAGEM A PAPAI VOÇÊ ESTAVA REALMENTE INSPIRADA, É MUITO LINDA E VERDADEIRA. BJS.
AMEIIIII A HOMENAGEM A GEORGE, FICOU LINDA!!!ESTÁ A CARA DELE!!!
A DE PAPAI ENTÃO, NEM SE FALA, FICOU ÓTIMAAAAA!!!
PARABÉNS TIA, ADOREIIII TODSA AS MENSAGENS!!!!
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